A carência de serviços de água potável, coleta e de tratamento de esgoto, cria um ambiente propício ao desenvolvimento de doenças graves, como a diarreia, hepatite A, verminose e outros. A maior parte das doenças relacionada à falta de saneamento básico se desenvolvem devido à água contaminada.
De acordo com especialistas do estudo "RELAÇÃO DAS DOENÇAS (DIARREIA, DENGUE E LEPTOSPIROSE) NAS 10 MELHORES E 10 PIORES CIDADES" baseado no Ranking do Saneamento 2017 pelo Instituto Trata Brasil, entre as doenças frequentemente associadas à falta de saneamento básico, a diarreia costuma ser a mais citada. Geralmente, é um sintoma comum de uma infecção gastrointestinal causada por uma ampla gama de agentes patógenos, incluindo bactérias, vírus e protozoários.
Para o Unicef e a OMS, alguns são responsáveis pela maioria dos casos de diarreia aguda em crianças, como o Rotavírus, que responde por cerca de 40% das internações hospitalares em crianças menores de 5 anos no mundo. A OMS aponta que é de fundamental importância para a redução das diarreias o acesso à água potável e ao esgotamento sanitário adequado (WHO &UNICEF, 2013).
No Brasil, as doenças de transmissão feco-oral (diarreias, febres entéricas e hepatite A) foram responsáveis por 87% das internações causadas pelo saneamento ambiental inadequado no período de 2000 a 2013 (IBGE, 2015).
Além das infecções transmitidas diretamente pela água, há também outras doenças relacionadas à água, como infecções causadas por mosquitos que se reproduzem em água parada, nomeadamente dengue, chikungunya e febre amarela.
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Doenças que a falta de saneamento básico transmite. Confira!
Paralelamente ao Ranking do Saneamento, o Instituto Trata Brasil elaborou um diagnóstico de algumas doenças de veiculação hídrica - diarreia, dengue e leptospirose - nas 10 melhores e 10 piores cidades em saneamento, com base nas classificações do Ranking 2017.
DIARREIA
Nas 10 piores cidades do Ranking do Saneamento 2017, do Trata Brasil registraram 92.338 internações por diarreia contra 22.746 internações das 10 melhores, ou seja, os 10 piores do ranking tiveram cerca de 4,06 vezes mais internações que os 10 melhores. A taxa de internação média por 100 mil habitantes, no período considerado, para os 10 piores foi de 190,0 internações por diarreia/100 mil 9 habitantes, enquanto que para os 10 melhores, 68,9, um valor médio, portanto, 2,7 vezes inferior que nos 10 piores.
Foram mais de 35 mil dias, por ano, de internação nos leitos hospitalares nas 10 piores cidades contra pouco mais de 8 mil dias por ano nas 10 melhores cidades, ou seja, 4,3 vezes menos nas cidades com melhores índices em saneamento. Se compararmos a melhor cidade no ranking (Franca/SP) com a pior (Ananindeua/PA), a diferença é absurdamente alta. Franca teve 460 internações por doenças diarreicas entre 2007 e 2015 contra 36.473 em Ananindeua (79 vezes maior).
ESQUITOSSOMOSE
A esquistossomose é uma doença transmitida pelo parasita Schistosoma mansoni que tem como hospedeiro intermediário caramujos de água doce.
O lançamento de esgotos em rios, lagoas e em valas peridomiciliares, tem criado ambientes insalubres propícios para a transmissão de doenças parasitárias, a exemplo dos inúmeros registros de casos de esquistossomose em locais turísticos onde as pessoas se tornam vulneráveis ao adoecimento ao serem expostas a ambientes insalubres contaminados por material fecal.
A nossa embaixadora, Dra. Constança Barbosa divulgou artigo sobre o tema, clique aqui.
DENGUE (2007-2015)
O estudo mostra que nas 10 melhores cidades 4.728 pessoas foram internadas por dengue, enquanto nas 10 piores foram 19.102 pessoas (4,04 vezes mais). Ao todo, as 10 melhores tiveram, entre 2007 e 2012, 42.977 casos notificados. As 10 piores tiveram 3,39 mais casos notificados, totalizando 145.690 casos. Quanto ao número de óbitos por dengue, nas 10 melhores foram registrados 33 óbitos de 2007 a 2015, enquanto que nas 10 piores, 149 pessoas morreram por dengue no período considerado (4,52 vezes mais).
LEPTOSPIROSE (2007-2015)
A leptospirose está relacionada a locais com saneamento precário onde os roedores se proliferam. Nos 10 piores municípios em saneamento ocorreram juntos 1.124 internações por leptospirose, enquanto nas 10 melhores cidades houve 212 (5,3 vezes menos que nas 10 piores). Já o número de casos notificados de leptospirose nessas cidades foi de 1.657 (10 piores) contra 433 (10 melhores), ou seja, 3,8 vezes menos casos notificados para o conjunto de municípios com melhores indicadores de saneamento.