Considerada uma das infraestruturas mais atrasadas do Brasil, o saneamento básico enfrenta dificuldades diversas e que vão além da expansão do acesso das pessoas às redes de água e esgotos. O combate às perdas de água potável nos sistemas de distribuição é uma das ações menos priorizadas no setor de saneamento, além de que, esses indicadores não têm melhorado nos últimos anos, pelo contrário, piorado em muitos locais do país.
Visando isso, no último dia 4 de junho, o Instituto Trata Brasil, em parceria com a organização Water.org dos Estados Unidos, lançou o estudo ?PERDAS DE ÁGUA 2020 (ano base 2018) - DESAFIOS À DISPONIBILIDADE HÍDRICA E NECESSIDADE DE AVANÇO NA EFICIÊNCIA DO SANEAMENTO?, elaborado pela GO Associados.
Em todos processos de abastecimento de água que utilizam de redes de distribuição ocorrem perdas de água. As perdas podem ser chamadas de reais ou aparentes, as chamadas perdas reais são as associadas aos vazamentos, já as perdas aparentes são a falta de hidrômetros, erros de mediação, ligações clandestinas e ao roubo de água (gato).
Para exemplificar melhor o problema que o país vive com as perdas, dados retirados do SNIS (Sistema Nacional de Indicadores sobre Saneamento) apontam que em 2018, o Brasil perdeu 38,45% de volume de água na distribuição. Ou seja, para cada 100 litros de água produzida no Brasil, 38 foram perdidos diariamente, o que equivale a 7,1 mil piscinas olímpicas de água perdidas todos os dias. A menor média nas perdas de distribuição total no país foi de 36,7% nos anos de 2014 e 2015. Em 2010, no ano mais elevado, a média chegou a 39%. Tais dados mostram que mesmo com o passar dos anos, não há melhora no indicador. Quando falamos de perdas no faturamento, o índice no ano de 2018 foi de 37,06%, sendo que desde 2010 esse índice variou no máximo 2 pontos percentuais entre os anos.
De acordo com o estudo, as perdas de água potável nos sistemas de distribuição acarretaram prejuízos de mais de R$ 12 bilhões só em 2018, impactando diretamente nas receitas dos prestadores de serviços (água e esgoto) no país. Entre as 27 Unidades da Federação, Roraima é o pior estado quando falamos em perdas na distribuição, só em 2018 foram 73,44%. Já o estado de Goiás fica com o melhor índice, perdendo 30,23%.
Tal cenário é importante pois nos mostra o tamanho do problema e como precisamos de maiores investimentos no setor. Os benefícios com a redução das perdas são diversos, desde o aumento da receita e diminuição de custos até a queda dos casos de doenças contraídas a partir da água contaminada por meio de roubos e ligações clandestinas.
Altos índices de perda de água causam impactos negativos sociais e econômicos, reduzindo o acesso a água no país. Se reduzíssemos as perdas de água potável, teríamos potencial de ganhos líquidos de R$ 30 bilhões até 2033. Por isso, é necessário investimento para atingir indicadores mais eficientes, além de tomada de atitudes para a melhoria da gestão no setor, ampliando assim a infraestrutura do país e dando uma melhor qualidade de vida para a população.
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