Relatório do ITB expõe que apenas 26 entre as 100 maiores cidade do país tratam 80% ou mais dos esgotos
No mês de março, o Instituto Trata Brasil lançou a 14ª edição do Ranking do Saneamento com o foco nos 100 maiores municípios brasileiros. A partir de dados do SNIS 2020, o relatório busca mostrar quais são os desafios que país ainda enfrenta para cumprir com os compromissos nacionais e internacionais em água tratada, coleta e tratamento de esgoto.
O índice de esgoto tratado é um dos indicadores utilizados para o ranqueamento das cidades. Diferentemente do que o indicador de população com coleta de esgoto, este indicador faz uma análise percentual do volume que é gerado de água consumida no município e o quanto disso foi tratado, uma vez que foi gerado como esgoto. O Brasil trata apenas metade do esgoto, isto é 50,75% de todo o volume de esgoto gerado; entre os 100 municípios analisados, a média é de 64,09%.
Tabela 1: Municípios com indicadores positivos e negativos no indicador de volume de esgoto tratado sobre a água consumida
Oito municípios apresentaram valor máximo (100%) de tratamento de esgoto e outros 18 municípios tem valores superiores a 80%, sendo considerados universalizados de acordo com a legislação no contexto deste Ranking. Alguns dos exemplos são: Piracicaba (SP), Niterói (RJ) e Maringá (PR).
Contudo, a nota máxima é dada apenas aos municípios que também alcançam a universalização em atendimento da população com as redes de coleta de esgoto. Isso ocorre, pois a nota deste indicador também considera a porcentagem da população com coleta de esgoto.
Quadro 1: HISTOGRAMA – ÍNDICE DE ESGOTO TRATADO REFERIDO À ÁGUA CONSUMIDA
Em contraste com os indicadores de abastecimento de água e coleta de esgoto, o indicador de tratamento de esgoto é bem distribuído entre todas as faixas de atendimento. Como é possível observar no quadro acima, a distribuição dos municípios indica uma grande disparidade neste indicador. Ou seja, são 53 municípios que tratam ao menos 59,9% dos esgotos gerados. Entre os exemplos negativos podemos citar: Porto Velho (PA) e São João do Meriti (RJ) que não tratam os esgotos. Além disso, 33 cidades não tratam nem metade dos esgotos e apenas 26 municípios tratam 80% ou mais do esgoto produzido.
O indicador de tratamento dos esgotos é um dos grandes desafios a serem superados, para que até 2033, o país alcance as metas do Marco Legal de Saneamento. Dentre os indicadores do nível de cobertura, o de tratamento de esgoto está mais longe da universalização.