Apesar de números abaixo da média nacional, a região ainda tem grandes desafios nas perdas de água potável e nos indicadores de saneamento básico
O estudo de perdas de água lançado em maio de 2021 pelo Instituto Trata Brasil, em parceira institucional com a Asfamas, elaborado pela GO Associados, expõe a grande ineficiência do país na distribuição de água potável pelas regiões. No Brasil, quase 40% (39,2%) de toda água potável captada não chega de forma oficial as residências do país por vazamentos, fraudes e roubos, erros de medição. Uma redução de 25% deste índice seria capaz de atender a todas as favelas por quase três anos.
Para entender melhor os problemas relacionados a distribuição de água no Brasil, é importante compreendermos as regiões do Brasil. O Centro-Oeste, formado pelos estados do Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, possui o menor Índice de Perda na Distribuição no Brasil, com 34,4%, estando abaixo da média nacional de perdas de 39,2%. Entretanto, apesar disso os índices ainda são elevados.
GRÁFICO 1 - PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO - REGIÕES (2019)
No Brasil, o volume de água desperdiçada diariamente equivale a 7,5 mil piscinas olímpicas. O Mato Grosso, por exemplo, perde por dia o equivalente a 142 piscinas olímpicas, apresentando o maior volume desperdiçado entre os estados da região Centro-Oeste. Logo em seguida está Goiás, que perde 128 piscinas diárias de água potável. O Distrito Federal é o que menos perde, são 67 piscinas diariamente.
QUADRO 1 ? PERDAS EM PISCINAS OLÍMPICAS POR DIA ? REGIÃO CENTRO-OESTE
Estados do Centro - Oeste | Piscinas olímpicas perdidas por dia (a 2.500 m3 cada piscina) |
Distrito Federal (DF) | 67 |
Goiás (GO) | 128 |
Mato Grosso do Sul (MS) | 94 |
Mato Grosso (MT) | 142 |
Entre os 100 maiores municípios brasileiros que tiveram seus índices de perda de água demonstrados no estudo, sete cidades são da região Centro-Oeste.
QUADRO 2 ? INDICADORES DE PERDAS NAS MAIORES CIDADES DA REGIÃO CENTRO-OESTE
Município | Índice de Perdas de Faturamento Total (%) | Índice de Perdas no Faturamento (%) | Índice de Perdas na Distribuição (%) | Índice de Perdas por Ligação (litros/dia) |
Anápolis (GO) | 37,73 | 37,19 | 38,94 | 210,22 |
Aparecida de Goiânia (GO) | 22,38 | 21,72 | 25,45 | 114,51 |
Brasília (DF) | 24,87 | 20,57 | 32,10 | 300,67 |
Campo Grande (MS) | 44,20 | 23,94 | 19,97 | 119,85 |
Cuiabá (MT) | 53,64 | 51,66 | 59,38 | 878,25 |
Goiânia (GO) | 21,82 | 21,23 | 21,69 | 132,52 |
Várzea Grande (MT) | 53,90 | 51,78 | 50,80 | 603,83 |
A capital do Mato Grosso, Cuiabá, figura entre os 10 piores grandes municípios do Brasil em perdas de água potável. A cidade de Várzea Grande (MT), apresenta um dos piores índices da região Centro-Oeste.
Entretanto, os municípios de Campo-Grande (MS) e Goiânia (GO) estão presentes entre as 10 grandes cidades do país que são destaque positivo em perdas de água. Ademais, de acordo com a The Smart Water Networks Forum (SWAN), fonte de informações usada para a comparação da água não faturada entre cidades de diferentes países, Campo Grande e Goiânia perdem menos água que cidades como Hong Kong (China) e Santiago (Chile), que demonstram 25% de perdas ? confira a tabela no site.
Apesar de apresentar os menores indicadores de perdas de água potável do país, o Centro-Oeste tem os grandes desafios nos indicadores de saneamento básico, levando em consideração que na região 1,6 milhão da população não tem acesso à água.
Além disso, 6,7 milhões de pessoas habitam em residências sem sistema de coleta de esgoto, colocando em risco os recursos hídricos da região. A perda de água, em qualquer proporção, se torna preocupante levando em consideração o cenário atual de crise hídrica e uma pandemia que requer mais medidas de higiene.
*Foto: Jackson Rodrigues - Goiânia*