*Artur Timerman
A Organização Mundial da Saúde define saúde como o completo bem estar físico, social e mental do cidadão. Esses três grandes definidores do estado de saúde são fundamentados no saneamento básico, em propiciar acessos a serviços básicos de saneamento para a população. No entanto, 884 milhões de pessoas no mundo não têm acesso a água potável e mais de 2,6 bilhões não dispõem de instalações sanitárias adequadas.
No Brasil, a coleta e o tratamento de esgoto têm sido deixados de lado por sucessivos governos. Em pleno século XXI, apenas 50,6% da população urbana têm acesso à rede de esgoto. E 13 milhões de brasileiros ainda não tem banheiro em suas casas.
O resultado desse cenário é doença na certa. E as crianças são as mais prejudicadas. Pesquisas do Instituto Trata Brasil revelam que, por dia, 7 crianças morrem no País, contaminadas por doenças decorrentes do saneamento básico inadequado.
A principal doença associada a falta de saneamento é a doença diarréica: 50% da mortalidade infantil no Brasil ainda é atribuída a ela. E é no verão que as diarréias atacam com toda a sua força, enchendo os hospitais. Isso porque durante as férias escolares e o carnaval, a população das capitais enche as praias.
As redes de esgotos das principais praias do País, que já são deficientes, não dão conta de atender as altas populações flutuantes e acaba extravasando tudo para o mar, que espalha as doenças para toda a população.
Não cansamos de falar, todo ano, sobre os surtos de diarréia. Mas o que está se fazendo para evitar esses surtos e para melhorar a coleta e tratamento de esgoto? É necessário atacar a causa dessas doenças, provendo coleta e tratamento de esgoto para toda a população. Enquanto isso não acontecer, continuaremos vendo nossos hospitais lotados e sem infraestrutura para atender a população contaminada, além dos altos gastos com internações que poderiam ser aplicados em ações preventivas de saúde e na educação da população.
*Artur Timerman é Infectologista e Embaixador do Instituto Trata Brasil