Bilhões de pessoas no mundo não têm acesso ao mais básico de tudo: abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto. Em termos nacionais, são quase 35 milhões de brasileiros sem acesso ao atendimento de água, 45,9% da população não têm acesso à coleta de esgoto, o que representa quase 100 milhões de pessoas, já considerando os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações. Já no que diz respeito ao tratamento, 49% de todo o volume de esgoto é tratado. Além do mais, diariamente são cerca de 5.700 piscinas olímpicas de esgoto jogadas diariamente na natureza.
Mesmo apresentando ainda inúmeros problemas no setor, não significa que os serviços de saneamento básico sejam algo recente, muito pelo contrário, há registros de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto há milhares anos.
Tudo começou na Antiguidade. Na grande Roma, as ruas que apresentavam encanamentos serviam de fonte pública e, com o objetivo de prevenir doenças, separava a água para consumo da população. Na Grécia antiga, havia-se o costume de enterrar as fezes ou deslocarem para um local bem distante de suas casas. O Egito iniciou o controle do fluxo de água do rio Nilo e utilizava tubos de cobre para o palácio do faraó Keóps.
A Idade Média, por sua vez, foi um período de 10 séculos sem avanços no saneamento básico. Com a queda de Roma, o conhecimento ficou arquivado em mosteiros religiosos. Só foi revelado algo sobre saneamento em 1425. Assim, os ensinamentos sobre hidráulica, saneamento e a gestão ficaram escondidos durante toda a Idade Média. Nesse período, o gerenciamento de água deixou de ser do governo e passou a ser dos cidadãos. Lixo de todo tipo se acumulava nas ruas, facilitando o aumento de ratos e criando sérios problemas de saúde. Um dos mais graves foi a epidemia da peste bubônica, que só na Europa, causou a morte de cerca de 25 milhões de pessoas.
A primeira rede de distribuição de água e captação de esgoto foi construída há aproximadamente 4.000 anos, na Índia. Grandes tubos feitos de argila levavam as águas residuais e os detritos para canais cobertos que corriam pelas ruas e desembocavam nos campos, adubando e regando as colheitas.
Em Paris, no final do século XV, a distribuição de água era controlada por canalizações. Em 1664, a distribuição de água canalizada foi incrementada com a fabricação de tubos de ferro fundidos e moldados, por Johan Jordan, na França, sendo instalada no palácio de Versailles. Pouco depois, Johan inventou a bomba centrífuga e em 1775, Joseph Bramah inventou o vaso sanitário na Inglaterra.
No final do século XVIII, com a Revolução Industrial, a população das cidades aumentou muito causando um maior acúmulo de lixo e excrementos nas ruas. Por consequência disso, tornou-se necessária a criação de um sistema de esgoto e água que desse conta da demanda da população.
A primeira Estação de Tratamento de Água (ETA) foi construída em Londres em 1829 e tinha a função de coar a água do rio Tâmisa em filtros de areia. A ideia de tratar o esgoto antes de lançá-lo ao meio ambiente, porém, só foi testada pela primeira vez em 1874 na cidade de Windsor, Inglaterra. Porém com a descoberta de que doenças letais da época (como a cólera e a febre tifóide) eram transmitidas pela água, técnicas de filtração e cloração foram mais amplamente estudadas e empregadas, chegando próximas ao que vemos hoje.
Surgimento do saneamento no Brasil
O primeiro registro de saneamento no Brasil ocorreu em 1561, quando o fundador Estácio de Sá mandou escavar o primeiro poço para abastecer o Rio de Janeiro. Em 1620, iniciou-se as obras do aqueduto do Rio Carioca para abastecimento do estado. A obra foi iniciativa de Aires Saldanha e tinha 270 metros de comprimento e 18 metros de altura. Entretanto, ela foi concluída mais de cem anos depois. Em 1723 ela foi entregue à população sendo o primeiro sistema de abastecimento de água no país. No período colonial, ações de saneamento eram feitas de forma individual, resumindo-se à drenagem de terrenos e instalação de chafarizes. Na capital, o primeiro chafariz foi construído em 1744. A partir dos anos 1940, se iniciou o comércio dos serviços de saneamento no Brasil.
Fonte: EOS Consultores
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