Verba de campanhas suficiente para 40 creches e sistema de esgotoQuarenta creches, 50 unidades do Programa Saúde da Família (PSF) e sistema de rede e tratamento de esgoto para levar saneamento básico a 41 mil brasileiros. Esse é um exemplo do pacote de obras que poderiam ser realizadas com o orçamento de R$ 97,2 milhões apresentado pelas campanhas eleitorais nos cem municípios mais pobres do país.
Segundo o embaixador do Instituto Trata Brasil, Raul Pinho, o custo médio de implantação de um sistema completo de esgoto é de R$ 1.200 por habitante. Isso significa que o investimento para um município de cerca de 10 mil habitantes garantir a 100% de seus moradores acesso a saneamento é de cerca de R$ 12 milhões. Em Governador Newton Bello (MA), cidade com o 11º pior IDH do país, os quatro candidatos a prefeito apresentaram, juntos, orçamentos de campanha de R$ 3,6 milhões, o suficiente para garantir a 25% dos seus quase 12 mil habitantes condições sanitárias mais adequadas.
? Quase a totalidade desses pequenos municípios não tem serviço de coleta de esgoto. O cenário brasileiro é horroroso. Somente metade da população do país tem acesso hoje a esse serviço ? destaca Pinho.
Outra carência recorrente nesses pequenos municípios é o acesso a creches, segundo um dos dirigentes da ONG Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Salomão Barros Ximenes.
? A oferta de vagas em creche é hoje uma das maiores dificuldades. Nesses pequenos município, ela é baixíssima, quando não é inexistente ? disse.
Em Uruçuí (PI), a ampliação de vagas de creches é tema de destaque na eleição. Juntos, os candidatos a prefeito estimam para suas campanhas gastos de até R$ 5,9 milhões, o suficiente para construir oito creches. Segundo o Fundo Nacional de Educação, o investimento médio de construção de uma unidade pequena, em torno de 500 metros quadrados, é de R$ 670 mil. Na saúde, com 13% do dinheiro previsto para as campanhas na cidade seria possível dar cobertura total aos 20 mil habitantes no PSF.