No Brasil, o primeiro hospital criado foi a Santa Casa de Misericórdia de Santos, em São Paulo, no ano de 1543. Como naquela época não havia médicos, os encarregados de cuidar dos doentes eram os jesuítas. Somente no dia 2 de julho de 1945, o atual prédio do primeiro hospital brasileiro foi inaugurado pelo presidente Getúlio Vargas. Na época, o prédio ganhava destaque por ser um dos maiores do país.
Em comemoração à essa evolução da saúde no Brasil, o dia 02 de julho passou a ser considerado o Dia do Hospital. Essa data visa a conscientização sobre a importância desses locais e as maneiras de melhorar seus serviços, com o objetivo de atender sempre as necessidades da população.
Atualmente, o Brasil possui mais de seis mil hospitais. E hoje, esses milhares de hospitais estão lotados devido a pandemia do coronavírus. Entretanto, não é só por Covid-19 que as pessoas ocupam novos leitos nos hospitais todos os dias. Diarreia, leptospirose, malária, dengue, entre diversas outras doenças relacionadas a falta de saneamento básico são tratadas todos os dias nos hospitais brasileiros. Mas com tudo isso que está acontecendo, há espaço para o saneamento básico nos hospitais?
Atualmente no nosso país, a porcentagem de população com acesso à rede de água e coleta de esgoto no Brasil é de 83,6% e 53,15% respectivamente. O volume de esgoto tratado está perto de 46%, de acordo com Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento ? SNIS -, 2018. Por apresentar baixos indicadores, diversos setores do país são altamente afetados pelos baixos índices de saneamento básico, dentre eles o trabalho, turismo, preservação ambiental, educação e principalmente a saúde.
Dados retirados do Painel Saneamento Brasil, plataforma de dados do Instituto Trata Brasil, mostram que só em 2018, cerca de 233 mil casos por doenças associadas à falta de saneamento foram registrados no país, o que corresponde a uma incidência de 11 internações para cada 10 mil habitantes, resultando em 2180 mortes e uma despesa de aproximadamente R$ 90 milhões para o sistema de saúde do país. Se a pandemia ocorresse em 2018, as diversas pessoas contaminadas pelo coronavírus teriam que dividir os leitos com as 233 mil pessoas internadas pela falta de saneamento básico.
Além disso, um estudo feito pelo Instituto Trata Brasil, intitulado de ?Benefícios Econômicos e Sociais da Expansão do Saneamento Brasileiro?, mostra que em 20 anos, caso o Brasil consiga universalizar os serviços de saneamento básico, o Sistema de Saúde Único (SUS) pode economizar até R$ 6 bilhões com custos por internações de doenças de veiculação hídrica.
A partir disso, é nítida a necessidade do país em aumentar os investimentos em saneamento básico, buscando sempre a universalização dos serviços de água e esgoto, que por consequência, além de economizar dinheiro, também melhoraria a saúde dos brasileiros, e acima de tudo, possibilitaria uma melhor estrutura para nossos hospitais.
Par saber mais sobre saneamento, saúde e Covid-19. Segue dois webinars realizados recentemente pelo instituto Trata Brasil:
- Saneamento e Covid-19 -Conversando com Dr. Nelson Arns
O Dr. Nelson Arns, Mestre em Epidemiologia, Phd em Saúde Pública e Coordenador Internacional da Pastoral da Criança falou sobre os desafios da falta de saneamento e como ajudar os mais carentes durante a pandemia de COVID-19.
- Falta de Saneamento e COVID-19 - Conversando com Especialistas: Dr. Sinval Brandão Filho
O Dr. Sinval Brandão Filho, pesquisador da Fiocruz de Pernambuco, diretor do Instituto Aggeu Magalhães e Ex-Presidente da SBMT ? Sociedade Brasileira de Medicina Tropical falou do panorama nas regiões brasileiras, sobretudo no Nordeste.