A falta de abastecimento de água e serviços de esgotamento sanitário afetam muito os anos de educação de nossos jovens. Entretanto, não é só a educação que é afetada, milhões de crianças vivem em lares sem condições adequadas de saneamento, ficando sujeitas a diversas contaminações e outras doenças que interferem na saúde dos mesmos.
Dados retirados do Painel Saneamento Brasil, plataforma de informações gerenciada pelo Instituto Trata Brasil (www.saneamentobrasil.org.br ), mostram que durante o período de 2010 a 2017, a falta de saneamento afetou muito a saúde dos jovens, ocorrendo diversos casos de doenças por veiculação hídrica, principalmente em crianças e adolescentes de 0 a 14 anos. Só no ano de 2017, a incidência de internações devido à falta de saneamento em crianças entre 0 e 4 anos foi de 56,31 a cada 10 mil brasileiros. Já nos jovens de 5 a 14 anos, a incidência chegou 14,72 a cada 10 mil brasileiros internados no mesmo ano.
Mesmo com o passar dos anos, as internações de jovens devido ao saneamento ainda estão muito altas. Em 2017 foram registradas 127.503 internações de crianças até 14 anos relacionas a falta água e esgoto tratado, cerca de metade de todas as internações por veiculação hídrica do país. Em comparação, em 2010 esse número era de 306.250, porém mesmo caindo mais que a metade ainda é muito pouco para um período de tempo de 8 anos. Em 2010, o número total de internações relacionadas a saneamento era de quase 610 mil pessoas, mostrando que mesmo depois de tanto tempo, as crianças brasileiras continuam ocupando a metade dos leitos devido à falta de saneamento básico.
Os 127.503 casos de doenças por veiculação hídrica em crianças no decorrer de um ano assomado à falta de melhoras no setor de saneamento do país resultaram em óbitos. Só no ano de 2017 foram registrados 115 óbitos decorrentes dessas doenças em crianças de 0 a 4 anos no Brasil. E o problema não é apenas no nosso país, mas sim no mundo todo. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), São 297 mil crianças com menos de 5 anos que morrem em razão de diarreia, como resultado do baixo acesso à água tratada, ao saneamento e as condições adequadas de higiene. Além dos problemas gastrintestinais, ainda existe os causados pelo Aedes Aegypti, mosquito que transmite doenças como Dengue, Zika vírus, Chikungunya e febre amarela, e que se multiplica por meio dos acúmulos de água parada, independente de ela ser limpa ou não. De acordo com a pesquisa da ONU, 200 mil mortes de crianças menores de 5 anos provocadas por malária poderiam ser prevenidas por meio de ações ambientais, como a redução de focos de reprodução de mosquitos e melhorias no armazenamento de água potável.
O Brasil, assim como todo o mundo, está em um caminho de atenção quando falamos em saúde infantil, e os números de 2010 a 2017 já mostraram que a falta de investimento em saneamento básico tende a aumentar os casos de doenças por veiculação hídrica em crianças no país. Quando falamos nesse tipo de doença, o Nordeste é disparado a região com maior número de internações infantis no Brasil, totalizando 63.046 casos em 2017, praticamente a metade de todos os casos do país. Já o Centro-Oeste é o que apresenta os menores nesse quesito, 8.329 crianças foram internadas por doença de veiculação hídrica no mesmo ano.
A universalização do saneamento básico, em especial dos serviços de coleta e tratamento de esgoto, é urgente para que esse panorama mude, a fim de melhorar a saúde das crianças e adolescentes, assim como a da população como um todo, visando o menor número de mortes possíveis. A partir disso, são necessários maiores investimentos na área do saneamento básico do país, para que um dia todas as crianças brasileiras possam receber os presentes mais básicos de todos: higiene e qualidade de vida.
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