Ter saneamento básico é um fator essencial para a qualidade de vida de qualquer cidadão, sendo considerado fator chave de higiene e saúde. Entretanto, o Brasil ainda precisa evoluir consideravelmente quando o assunto é os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário.
De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) ? ano base 2018, no país, são quase 35 milhões de pessoas sem acesso ao atendimento de água, o equivale a população total do Canadá. 46,9% da população não tem acesso à coleta de esgoto, o que representa quase 100 milhões de pessoas, ou para exemplificarmos melhor, equivalente ao dobro da população da Espanha. Já no que diz respeito ao tratamento, apenas 46,4% de todo o volume de esgoto é tratado, o que representa cerca de 5.715 piscinas olímpicas de esgoto jogadas diariamente na natureza.
Entre uma das principais consequências da precariedade dos serviços, está o impacto na renda do trabalhador. De acordo com dados do Painel Saneamento Brasil, plataforma com os principais indicadores socioeconômicos e ambientais divulgado pelo Instituto Trata Brasil, há diferença no que diz respeito aos salários dos trabalhadores que residem em locais com saneamento básico e os que residem em locais sem acesso aos serviços. Estima-se que no Brasil, a diferença salarial de um trabalhador com saneamento básico em sua residência para um sem esses recursos é cerca de R$ 2.450,00.
Em 2018, a renda média do trabalhador com saneamento no país foi de R$ 2.947,06 ? ano com a maior salário comparado com a década. Esse índice aumentou consideravelmente se compararmos com 2011 ? ano que apresentou o menor índice, cerca de R$ 1.500,00 a menos, totalizando apenas R$ 1.572,08. Desde 2011, houve apenas aumento, mesmo que gradativo, no salário do trabalhador com saneamento na residência.
Mesmo apresentando aumento na renda do trabalhador sem saneamento no decorrer desses nove anos, o salário ainda continua baixo e muito menor comparado aos trabalhadores com saneamento em suas residências.
Ao compararmos as rendas dos anos de 2010 até 2018, vemos que a renda do trabalhador sem saneamento continua sendo sempre em torno de 1/6 do que ganha o trabalhador com esses recursos básicos em casa. Em 2010, a renda sem saneamento foi de R$ 270,59 enquanto quem tinha saneamento recebia R$ 1591,03. Cerca de R$ 1.300,00 a mais por apresentar água, coleta e tratamento de esgoto em casa. Em 2018, a renda dos trabalhadores sem saneamento foi de apenas R$ 501,21.
Quando separamos por regiões, no ano de 2018, a região com maior diferença salarial devido à presença dos serviços de saneamento básico foi a Centro-Oeste, com uma diferença de R$ 2.835,00 reais. Já a região com menor diferença foi a Nordeste, com cerca de R$ 2.000,00.
Essa diferença, considera o efeito do saneamento sobre a produtividade. Assim, se for dado acesso à coleta de esgoto a um trabalhador que mora em uma área sem acesso a esse serviço, espera-se uma melhora geral na qualidade de vida gerando menos índices de internação por diarreia e redução do número de dias afastado do trabalho, entre outros aspectos, possibilitando uma produtividade maior, com efeito sobre sua remuneração em igual proporção.
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