O projeto na Vila Dique começou em 2008 e contou com o envolvimento da Prefeitura de Porto Alegre, Governo Federal, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Pastoral da Criança e líderes da comunidade.
A Vila Dique era uma comunidade carente localizada no entorno do Aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre (RS); um aglomerado de casas de madeira, em sua maioria, sem condições mínimas de infraestrutura, habitação e, sobretudo, sem coleta de esgoto. O Instituto Trata Brasil detectou aproximadamente 1.500 famílias sem este serviço.
Aplicada em duas etapas, em 2008 e 2011, a pesquisa levantou dados comparativos sobre momentos distintos da mesa comunidade. Após a liberação dos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a comunidade começou a ser transferida para um novo bairro, onde passou a ter garantido o acesso ao saneamento básico, como provimento de água encanada e rede de esgoto.
O maior objetivo deste projeto era comprovar, por meio de casos reais, que os serviços de coleta e tratamento dos esgotos traziam benefícios imediatos às comunidades atingidas pelos impactos da falta destes serviços, como doenças, baixa qualidade de vida, entre outros. Como outras finalidades, o projeto também mobilizou para o uso correto das novas redes que passaram a integrar o bairro.
Principais resultados
As famílias, que antes moravam em casas de madeira (78%) ou de alvenaria sem acabamento (20%), passaram a habitar residências de alvenaria. Das residências pesquisadas em 2008, 81% recebiam água através de instalações clandestinas, os “gatos”. O quadro mudou em 2011, quando todas as famílias passaram a ter água encanada e tratada.
A coleta de lixo era o único serviço de saneamento oferecido pela Prefeitura de Porto Alegre aos moradores da Vila Dique em 2008, atingindo 97% das casas. Em 2011, 100% delas têm o lixo coletado.
Ainda em 2008, 90% do esgoto doméstico era lançado em um córrego que passa ao lado do bairro. Com a mudança de endereço, a totalidade do esgoto foi destinada a uma estação de tratamento inaugurada com as unidades habitacionais.
O trabalho com carteira assinada aumentou de 33% para 50%, com consequente diminuição do número de trabalhadores autônomos, que caiu de 57% para 46%.
A Vila Dique sofria com muitas doenças, conforme 67% dos moradores relataram na pesquisa. Após a transferência das famílias para o conjunto habitacional, em 2011, a ocorrência de doenças caiu pela metade, de 19% para 8%. Com o provimento de serviços básicos de coleta e tratamento de esgoto, em 2011, houve diminuição especialmente da incidência de leptospirose e hepatite A. Como consequência, aumentou a percepção da população para as diarreias e verminoses.
Do total de 102 casos de doenças em 2008, 61 eram relacionados à falta de saneamento. Em 2011, houve 25 casos de doenças para todas as faixas etárias. Não foram registrados casos de outras doenças relacionadas com a falta de saneamento básico, diferentemente do que em 2008.
Conclusão
Para o Instituto Trata Brasil, este projeto de acompanhamento dos progressos da comunidade da Vila Dique foi um grande aprendizado. A todos os envolvidos, foi gratificante constatar que a melhoria dos serviços de coleta e tratamento os esgotos realmente muda a qualidade de vida das pessoas.