Dados presentes no Painel Saneamento Brasil apontam uma diferença de 53,11 pontos na nota média da prova do Enem entre candidatos que têm e não têm acesso a banheiro
Neste último domingo, 21 de novembro, ocorreu o primeiro dia do Enem 2021 (Exame Nacional do Ensino Médio). Em um balanço divulgado pelo INEP, cerca de 2,3 milhões de estudantes compareceram para realizar a primeira prova.
Desde 2017, o Enem alterou o formato, a prova é dívida em dois domingos seguidos. No primeiro dia, são aplicadas as questões das áreas de: Linguagens, Código e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias; e a Redação. No segundo domingo, os temas aplicados são: Matemática e suas Tecnologias; e Ciências da Natureza e suas Tecnologias.
Com base no primeiro dia de provas, o ITB analisará durante o texto como a ausência de saneamento afeta a nota média dos estudantes.
Dados do IBGE (2019) presentes no Painel Saneamento Brasil, portal que disponibiliza informações sobre saneamento básico e relaciona as informações com indicadores sociais, econômicos e ambientais, mostra como o acesso a banheiro impacta a área da educação.
Tabela 1 – Nota média no ENEM – com e sem acesso a banheiro
Fonte: Painel Saneamento
A nota média no ENEM dos candidatos com banheiro exclusivo na residência é de 526,06 pontos, enquanto a nota dos estudantes sem acesso a banheiro nas moradias é de 472,95 pontos. De acordo com o INEP (2019), a nota média no Enem é de 525,58.
O impacto da falta dos serviços de água e atendimento de esgoto sanitário se estende na nota média dos temas aplicados nas provas.
Fonte: Painel Saneamento
Como é possível observar na tabela acima, a diferença nas notas dos estudantes com acesso a banheiro e daqueles que não tem acesso é significativa. Por exemplo, a redação é uma das etapas mais importantes e temida do Enem para os alunos. A nota média da redação dos candidatos com banheiro exclusivo na residência é de 588,92 pontos, enquanto daqueles sem acesso é de 506,16.
A maior diferença entre as notas da redação entre as regiões do Brasil é no Centro-Oeste, ou seja, uma disparidade de 86,23 pontos entre estudantes com e sem banheiro.
Em relação nas questões de Ciências Humanas, aqueles com banheiro têm a nota média de 510,57 pontos e os estudantes sem banheiro é de 466,84. Na prova de Linguagens e Códigos, o nível médio das notas são de 524,05 pontos para os candidatos com banheiro e 482,97 para aqueles sem acesso.
Investir no setor em busca da universalização do saneamento vai além de melhorias na área da saúde, é também oferecer melhores condições para jovens estudantes conseguirem desenvolver sua educação. Segundo uma pesquisa realizada em 2016 pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), mais da metade dos jovens brasileiros que querem ingressar na faculdade não tem dinheiro para pagar por sua formação, sendo assim, contam com programas sociais de incentivo a educação superior do governo, como por exemplo o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o Programa Universidade para Todos (ProUni).
Para que mais jovens se tornem no futuro profissionais na área na saúde, na área da educação e em outras diversas áreas, o país se esforçar para alcançar os desafios para cumprir com o novo Marco Legal do Saneamento, no qual até 2033 todas as cidades brasileiras irão precisar oferta água para 99% da população e coleta e tratamento dos esgotos para 90% da população.