Há anos temos vivido com a ausência do saneamento. Pouco notamos o quão impactante é a falta dos serviços básicos para municípios brasileiros. Muitos locais estão em situações muito precárias, com destaque nas regiões Norte e Nordeste que há anos são as mais precárias.
Os índices ainda são preocupantes, ainda mais quando abordamos a questão do esgotamento sanitário, é o que aponta o Painel Saneamento Brasil, plataforma com os principais indicadores socioeconômicos e ambientais divulgado recentemente pelo Instituto Trata Brasil.
Em termos nacionais, são quase 35 milhões de brasileiros sem acesso ao atendimento de água, 47,6% da população não têm acesso à coleta de esgoto, o que representa quase 100 milhões de pessoas. Já no que diz respeito ao tratamento, apenas 45% de todo o volume de esgoto é tratado. Além do mais, diariamente são cerca de 5.600 piscinas olímpicas de esgoto jogadas diariamente na natureza.
Entre as principais consequências desse despejo irregular de esgoto na natureza, estão as doenças por veiculação hídrica que atinge direta e indiretamente a população. Separamos alguns dados sobre isso, confira!
Histórico de doenças por veiculação hídrica (2010 - 2017)
Em outro post, citamos as principais doenças que afetam a população devido à falta de saneamento básico, entre as principais doenças estão: doenças gastrointestinais infecciosas, febre amarela, dengue, leptospirose, malária e esquistossomose.
Em 2010, a incidência de internações por doenças associadas à falta de saneamento para cada 10 mil habitantes foi de 31,83 - ano com a maior taxa. Esse índice reduziu timidamente com anos posteriores, mas ainda não representa uma melhora significativa. No país, em 2017 essa incidência de internações por doenças associadas à falta de saneamento foi de 12,46 internações por 10 mil habitantes.
Dessas doenças, a dengue é de longe a doença com a maior quantidade de internações. Só no ano de 2017 foram registrados cerca de 19.776 casos, quase 10 vezes mais que o número de casos de leptospirose, que é a segunda doença com mais internações no Brasil. Em contra partida, houve uma baixa de quase 55 mil casos de 2010 até 2017, mas mesmo com essa melhora, o número ainda é altíssimo.
Óbitos
A junção de 258.826 casos de doenças por veiculação hídrica a com a ausência da infraestrutura de saneamento básico resultaram em óbitos. Só no ano de 2017 foram registrados 2.340 óbitos decorrentes dessas doenças, sendo que desde 2010 não ocorreu nenhuma melhora significativa no número de mortes, deixando cada vez mais claro como a melhora no saneamento básico é fundamental para a diminuição de óbitos por doenças de veiculação hídrica no Brasil.
Despesas
A
precariedade no saneamento básico brasileiro e os baixos investimentos no
mesmo resultam em um péssimo serviço de água e esgotamento sanitário, gerando
mais casos de internações por veiculação hídrica e por consequência cada vez
mais gastos.
Em 2010, foram gastos mais de R$ 210 milhões só com internações por
doenças associadas à falta de saneamento da população. Nos dados mais recentes,
podemos ver uma melhora significativa, apresentando cerca de R$ 99 milhões em
despesas em 2017. Mesmo diminuindo mais de R$ 100 milhões durante esses 8
anos, os gastos ainda são altos.
Esse post trouxe um panorama nacional sobre a falta de saneamento básico e seus impactos na saúde da população. O Painel Saneamento Brasil também traz um compilado de indicadores do seu município, acesse para conhecer os dados da sua cidade.