Jundiaí foi destaque no evento do Instituto Trata Brasil, “Avanços em Saneamento Básico 2015, pelo desempenho positivo em parcerias setor público e setor privado.
O município de Jundiaí, interior de São Paulo, mostra bons indicadores de coleta e tratamento dos esgotos. No Ranking de Saneamento do Trata Brasil realizado em 2021, o município figura entre os 30 melhores.
Atualmente, o município paulista trata 100% do volume do esgoto que é gerado, 98% da população tem coleta dos esgotos e abastece 99,07% da população total com água.
Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico (SNIS), plataforma de indicadores do Ministério das Cidades, apontam a seguinte evolução por parte de Jundiaí:
Ano | Indicador de atendimento total de água (%) | Indicador de atendimento total de esgoto (%) | Indicador de Esgoto Tratado por água consumida (%) |
2014 | 97,80 | 97,80 | 91,94 |
2015 | 97,80 | 97,80 | 100 |
2016 | 98,23 | 98,23 | 100 |
2017 | 99,07 | 98,23 | 100 |
2018 | 99,07 | 98,23 | 100 |
2019 | 99,07 | 98,23 | 100 |
2020 | 99,1 | 98,2 | 100 |
O INSTITUTO TRATA BRASIL ENTREVISTOU O DAE JUNDIAÍ, RESPONSÁVEL PELOS SERVIÇOS NO MUNICÍPIO. LEIA NA ÍNTEGRA:
Que esforços foram feitos na gestão do saneamento local que fez com que se chegasse a esta posição tão boa?
A boa classificação de Jundiaí é resultado de planejamento e investimentos realizados ao longo dos anos e que foram mantidos administração após administração. Registros históricos comprovam que na metade do século 19 a cidade já ocupava posição de destaque entre os primeiros municípios brasileiros a se preocupar com saneamento básico.
O sistema de saneamento de Jundiaí é reconhecido como um dos melhores do país, pelo Instituto Trata Brasil, uma vez que 99,07% da cidade é atendida por rede de água tratada e 98,23% contam com coleta de esgoto. Além disso, 100% do esgoto coletado é tratado. Em extensão, a rede de abastecimento de água da cidade tem 1.922,80 quilômetros e a de esgoto, 983,45 quilômetros.
Este reconhecimento é resultado de investimentos iniciados com o CERJU (Comitê de Estudos e Recuperação do Rio Jundiaí), uma parceria do Governo do Estado, Prefeitura Municipal, DAE, Cetesb e indústrias (Ciesp e Fiesp), iniciada em 1984.
O objetivo era a despoluição do rio Jundiaí e, consequentemente, o afastamento de esgoto a céu aberto da malha urbana, por meio de implantação de sistema que impedisse o despejo de esgoto in natura no curso d’água.
Na época, além de Jundiaí, as cidades de Campo Limpo Paulista, Várzea Paulista, Salto e Indaiatuba manifestaram interesse em integrar o projeto que, a princípio, instalaria interceptores e emissários. Nesse período, das quase 50 toneladas de poluição lançadas no Rio Jundiaí, Jundiaí era responsável por 84,8% dessa carga.
Em Jundiaí, as obras tiveram início em 1985 e o sistema foi constituído basicamente por coletores tronco, interceptores e emissários ao longo do rio Jundiaí, em suas margens, e de seus principais afluentes, como Córrego do Tanque Velho, Guapeva, Colônia, Vila Joana, Guanabara, Primavera e Valquíria, interligados à rede pública coletora do município, somando uma extensão aproximada de 52 Km.
Por volta de 1992, a disponibilidade financeira para o projeto não permitia sua conclusão com a instalação da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto). Por outro lado, havia sido contratado o seu projeto executivo referenciado ao processo tecnológico validado pela Cetesb.
Em Jundiaí, a Prefeitura optou pela concessão dos serviços de tratamento de esgoto, em troca da construção e operação da Estação de Tratamento. Em 1996, a CSJ (Companhia Saneamento de Jundiaí) venceu a concorrência pública para realizar a construção da Estação de Tratamento de Esgoto de Jundiaí, inaugurada em setembro de 1998. Depois da construção da Estação de Tratamento, a água resultante do tratamento do esgoto passou a ser devolvida ao rio Jundiaí sem prejuízo ao meio ambiente.
Em 2012, entrou em operação a Estação de Tratamento de Esgoto do bairro São José e, em 2013, a Estação de Tratamento de Esgoto dos Fernandes, construídas para atender a zona rural.
Com o funcionamento destas duas estações, a DAE ampliou o atendimento levando o benefício também à população da zona rural, onde ainda predominam fossas sépticas, antecipando as futuras expansões da região. Atualmente 98,23% do município é atendido com coleta, afastamento e tratamento de esgoto, sendo que 100% do esgoto coletado recebe o tratamento adequado antes de ser devolvido para os rios.
Ao longo dos anos a empresa também desenvolveu importantes projetos relativos ao abastecimento de água. Uma relevante obra foi a inauguração da Estação de Tratamento de Água no Anhangabaú, em 1969, onde havia o primeiro reservatório da cidade.
Depois vieram investimentos em adutoras e, no final dos anos 1970 e 1980, foram construídas a represa de Captação e a Casa de Bombas. Na década de 1970, o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) autorizou a reversão de 700 litros por segundo do rio Atibaia, por meio de uma linha de adução com diâmetro de 700 mm.
Na década de 1980, com o aumento da outorga de captação de água do rio Atibaia, para 1.200 litros por segundo, foi necessária a construção de uma nova adutora.
Na década de 1990, a empresa inaugurou uma nova represa, a represa de Acumulação. Outra importante obra foi a duplicação da capacidade da Estação de Tratamento, que passou de 900 litros por segundo para 1.800 litros por segundo.
Além disso, em 2004, a DAE construiu o Parque da Cidade, com o objetivo de evitar a ocupação irregular e proteger o principal manancial de abastecimento do município e a represa de Acumulação. O espaço é um dos cartões postais da cidade e uma das atrações preferidas da população da região. Com 500 mil metros quadrados, tem atrações para toda a família como pistas de caminhada e corridas, pistas de aeromodelismo e automodelismo, e quadras para a prática esportiva.
Atualmente, as ações realizadas pela administração da DAE representam esforços no sentido de ampliar a segurança hídrica na cidade e o acesso à água e esgoto. Em 2017, por exemplo, a empresa conquistou a renovação da outorga de captação que autoriza Jundiaí a captar água dos rios Atibaia, Jundiaí Mirim, do Ribeirão da Ermida e do Córrego da Estiva. A licença foi publicada na Imprensa Oficial do Estado em março de 2017, com validade de dez anos.
A cidade implantou, no mesmo ano, o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), que está em consonância com as orientações da Lei Federal nº 11.445/2007 e foi realizado em parceria com a Prefeitura de Jundiaí. O PMSB foi instituído pela Lei nº 8.881, de 13 de dezembro de 2017.
Jundiaí concluiu, ainda, o Plano Municipal de Recursos Hídricos, que analisa e projeta a disponibilidade hídrica do município para os próximos 20 anos e é parte integrante do Plano Diretor. Além disso, elaborou o Relatório de Sustentabilidade, um marco na modernização do sistema de gestão e tomada de decisão, pautado pelo compromisso com a comunidade local e investidores, alinhando eficiência das gestões financeira, ambiental e social.
Já entre as principais obras, destacamos a ampliação do vertedouro da represa de Acumulação, que aumentou em 12% a capacidade de armazenamento, garantindo 1 bilhão de litros de água a mais para consumo. Com isso, a represa passou de 8,3 bilhões de litros para 9,3 bilhões de litros de água armazenados.
Além disso, há ainda os novos reservatórios de água tratada, que vão ampliar a autonomia do abastecimento de seis para dez horas. O conjunto de equipamentos conta com quatro novos reservatórios – dois já entregues, nos bairros Cecap e no FazGran, e mais dois em obras, no Jardim Carlos Gomes e na Estação de Tratamento de Água do Anhangabaú (ETA-A) – além da recuperação do R13, no Distrito Industrial.
Na ETA-A, também tiveram início obras para ampliar a capacidade de tratamento, que vai saltar de 1.800 litros por segundo para 2.400 litros por segundo, garantindo maior velocidade na reposição dos 54 reservatórios em operação na cidade.
Quais desafios e problemas vocês enfrentaram para a melhoria do saneamento básico da cidade? Como resolveram para chegar nos indicadores atuais?
Em Jundiaí, os administradores sempre tiveram visão de futuro e os investimentos em saneamento foram prioridade. Ao longo dos anos, o planejamento e os recursos para o setor foram mantidos e renovados. Neste sentido, a DAE conquistou verbas para importantes obras e ações, com foco na segurança hídrica, na universalização do saneamento, na reservação de água e no combate a perdas.
Investimentos sem uma boa gestão não trazem resultados. E o oposto? É possível ter sucesso com pouco recurso financeiro?
A DAE tem alcançado êxito em saneamento, tornando-se uma referência nacional na área, em função principalmente de seguir um planejamento a longo prazo, ainda que diante de mudanças de gestão e de momentos em que não havia tantos recursos para investimento. Esta saúde financeira, fruto de ações para combater a inadimplência, por exemplo, permitiu à empresa seguir com obras e manutenções na cidade.
Que conselhos vocês dariam aos gestores e empresas operadoras de outras cidades para que consigam melhorar os indicadores de saneamento?
Acreditamos que o caminho é buscar a universalização do saneamento, trabalhando com foco na reservação de água, por meio de represas e reservatórios, e na coleta, afastamento e tratamento do esgoto, bem como em levar redes de água e de esgoto a locais mais distantes