DISPONIBILIDADE DE ÁGUA
- Mais de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo vivem em países em situação de estresse hídrico (United Nations, 2018).
- Estima-se que 4 bilhões de pessoas vivem em áreas que sofrem grave escassez física de água por pelo menos um mês ao ano (Mekonnen; Hoekstra, 2016).
- Cerca de 1,6 bilhão de pessoas enfrentam escassez “econômica” de água, o que significa que, embora a água possa estar fisicamente disponível, não existe infraestrutura necessária para que as pessoas tenham acesso a essa água (Comprehensive Assessment of Water Management in Agriculture, 2007).
DEMANDA E USO DA ÁGUA
- O Grupo de Recursos da Água 2030 (2030 Water Resources Group, 2009) concluiu que o mundo provavelmente vai enfrentar um déficit hídrico global de 40% até 2030, em um cenário “sem alterações” (business-as-usual).
QUALIDADE DA ÁGUA
- Cerca de 80% de todas as águas residuais industriais e municipais são lançadas no meio ambiente sem qualquer tratamento prévio, com efeitos prejudiciais para a saúde humana e para os ecossistemas (WWAP, 2017).
- Cerca de 380 bilhões de metros cúbicos de água podem ser recuperados dos volumes anuais de esgoto produzidos. Espera-se que esse tipo de reúso de água alcance 470 bilhões de metros cúbicos até 2030, e 574 bilhões até 2050 (Qadir et al., 2020).
AVALIAÇÃO ECONÔMICA DO MEIO AMBIENTE E INFRAESTRUTURA
- Em 2030, o investimento em infraestrutura hídrica e saneamento deverá ser em torno de US$ 0,9 a 1,5 trilhão por ano, cerca de 20% da necessidade total para todos os tipos de investimento em infraestrutura (OECD, 2017b). Cerca de 70% desse investimento total em infraestrutura será no Sul global, com grande parcela em áreas urbanas de rápido crescimento (GCEC, 2016). Nos países desenvolvidos, grandes investimentos serão necessários para renovação e atualização.
VALORAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E SANEAMENTO EM ASSENTAMENTOS HUMANOS
- Em 2017, 5,3 bilhões de pessoas (71% da população mundial) usaram algum serviço de água potável gerenciado de forma segura – situado no local, disponível quando necessário e livre de contaminação.
- 3,4 bilhões de pessoas (ou 45% da população mundial) usaram serviços de saneamento gerenciados de forma segura (WHO/UNICEF, 2019a).
- Anualmente, estima-se que aproximadamente 829 mil pessoas morrem de diarreia como resultado de consumo de água, saneamento e higiene inadequada das mãos. Essas causas representam 60% de todas as mortes relacionadas à diarreia em todo o mundo, incluindo de quase 300 mil crianças menores de 5 anos, o que corresponde a 5,3% de todas as mortes nessa faixa etária (Prüss-Üstün et al., 2019).
- As más condições de saneamento e higiene, bem como a água imprópria para consumo, causam doenças diarreicas e enteropatias ambientais, que inibem a absorção de nutrientes, resultando em desnutrição (Teague et al., 2014). Aproximadamente 50% de todos os casos de desnutrição estão associados à diarreia crônica ou a infecções por vermes intestinais, como resultado direto do uso de água, saneamento e higiene inadequados (Prüss-Üstün et al., 2008).
- Estima-se que 45% de todas as mortes de crianças menores de 5 anos ocorrem por desnutrição (United Nations, 2018); o custo econômico dessa desnutrição é estimado em até US$ 2,1 trilhões (FAO, 2013a).
- A água encanada para instalações de melhor qualidade e sua disponibilidade contínua reduziram o risco de diarreia em 75%, em comparação a um cenário-base com água para consumo não tratada, no mundo. As ações de intervenção no saneamento reduziram o risco de diarreia em 25%, com evidências de maiores reduções quando é alcançada uma alta cobertura de saneamento, enquanto as intervenções relacionadas à lavagem das mãos com sabão reduziram esses riscos em 30%, em comparação com nenhuma intervenção (Wolf et al., 2018).
- A higiene das mãos é extremamente importante para prevenir a propagação da COVID-19 (WHO, 2020a). Em todo o mundo, mais de 3 bilhões de pessoas e duas em cada cinco unidades de saúde não têm acesso adequado a instalações básicas para higiene das mãos (WHO; UNICEF, 2019b).
- Em âmbito global, 11% das mortes maternas, principalmente em países de renda baixa e média, são causadas por infecções relacionadas a condições anti-higiênicas durante o trabalho de parto e o nascimento, em casa ou em instalações hospitalares, e à má higiene nas seis primeiras semanas após o nascimento (WHO; UNICEF, 2019b). Todos os anos, infecções associadas a partos realizados sem condições de higiene podem ser responsáveis por mais de 1 milhão de mortes (WHO; UNICEF, 2019b).
- A OMS e o UNICEF mostraram que, no ano da pesquisa, 69% dos estudantes tinham acesso à água potável (com base em dados de 92 países), 66% ao saneamento (em 101 países) e 53% à higiene (em 81 países) (WHO; UNICEF, 2018). Isso equivale a 570 milhões de crianças sem água potável nas escolas, 620 milhões sem saneamento e 900 milhões sem higiene. O PNUD relatou que mais de 443 milhões de dias letivos são perdidos devido a doenças relacionadas à água (UNDP, 2006).
- Cerca de 230 milhões de pessoas, principalmente mulheres e meninas, gastam mais de 30 minutos por viagem coletando água de fontes fora de suas casas (WHO; UNICEF, 2017a).
- Estima-se que pelo menos US$ 6,5 bilhões são perdidos por ano em dias úteis devido à falta de acesso ao saneamento (Hutton et al., 2012a). Além disso, quase 400 mil mortes relacionadas ao trabalho ocorrem a cada ano devido a doenças transmissíveis, que têm como principal fator causador o consumo de água de má qualidade, assim como saneamento e higiene precários (WWAP, 2016).
AMÉRICA LATINA E CARIBE
- A América Latina e o Caribe têm uma média de quantidade de água por habitante de cerca de 28 mil metros cúbicos por ano, o que é mais de quatro vezes a média mundial, de 6 mil m³/habitante/ano (FAO, 2016).
- A proporção média de águas residuais que são tratadas com segurança é pouco abaixo de 40%. Cerca de um quarto dos trechos de rios na região são afetados por contaminação grave de patógenos. A principal fonte desse tipo de poluição é o esgoto doméstico (UNEP, 2016).
Fonte: Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2021: O Valor da Água – Fontes e Dados