Brasil perde mais água potável do que alguns países na América Latina e África

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Com os índices piores do que nações como Camarões e Ucrânia, novo estudo do Trata Brasil expõe a necessidade do país em aumentar a eficiência na distribuição de água

Dentre 2015 e 2019 no Brasil, a perda de água potável vem aumentando constantemente, indicando que poucos foram os esforços realizados com o intuito de diminuir as perdas no país. O estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil, em parceira institucional com a Asfamas e elaborado pela GO Associados, expõe que cerca de 40% (39,2%) de toda água potável captada não chega de forma oficial às residências do país, o que equivale a sete vezes o volume do Sistema Cantareira ? maior conjunto de reservatórios para abastecimento do Estado de São Paulo.

O índice desperdiçado seria suficiente para abastecer mais de 63 milhões de brasileiros em um ano, ou seja, 30% da população brasileira em 2019. Além disso, o volume seria suficiente para atender por quase três anos aos mais de 13 milhões de brasileiros que habitam em favelas.

QUADRO 1: EVOLUÇÃO DAS PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL

Quando se compara os indicadores de perdas de água do Brasil com os padrões internacionais, é necessário utilizar como indicador comparativo o Índice de Perda de Faturamento Total (IPFT) ? mais informações sobre esse e outros indicadores podem ser encontrados no estudo completo. A média brasileira das perdas de faturamento total em 2019 foi de 40%, apresentando um índice pior que países como Camarões (40%), Ucrânia (36%), Etiópia (29%), Iraque (26%), China (21%), Estados Unidos (13%), entre outros. Para efeito de comparação com outros países, foi utilizado como referência a International Benchmarking Network for Water and Sanitation Utilities (IBNET).

*Vale destacar que a periodicidade dos dados disponíveis varia bastante entre os países*

Para comparação em relação à situação de perdas na América Latina, o estudo utilizou a Asociación de Entes Reguladores de Agua Potable y Saneamiento de las Americas (ADERASA) que possui dados desagregados ao nível de 115 operadores de saneamento distintos em 10 países latino-americanos.

QUADRO 1 - ÍNDICE DE PERDAS - PAÍSES LATINOAMERICANOS

*No caso Brasil adotou-se o IPFT nacional, calculado com o SNIS 2019. Fonte: ADERASA 2017. Elaboração: GO Associados*

Por meio da tabela é possível analisar que, mesmo quando comparado a países com níveis de desenvolvimento vizinhos, o Brasil apresenta resultados insatisfatórios, sendo o 5º entre os 10 países analisados, muito mais próximo do último colocado (Colômbia, com 46%) do que do primeiro (Chile, com 31%) em termos relativos.

Os esforços para a redução nas perdas de água resultariam em ganhos financeiros, além do fornecimento ao acesso a água para os quase 35 milhões de brasileiros, que até hoje não possuem acesso nem para lavar as mãos em plena pandemia.

O estudo do Trata Brasil considerou três cenários para calcular os possíveis ganhos econômicos que o Brasil teria se caminhar para um aumento da eficiência na distribuição da água potável.

QUADRO 11: SUMÁRIO DO IMPACTO DA REDUÇÃO DE PERDAS

Foram definidos três cenários para a média nacional do nível de perdas, com base no nível a ser alcançado em 2034: 15% (otimista), 25% (realista) e 35% (pessimista). É válido mencionar que mesmo a primeira dessas metas ainda se situa acima de índices já alcançados por países como Estados Unidos e Austrália. Embora mesmo que seja bastante desafiador, é possível alcançar indicadores iguais ou inferiores a 15%.

Tomando como referência o cenário base ? conheça a definição dos cenários no estudo completo -, existe um potencial ganho bruto em R$ 54,1 bilhões até 2034. Prevendo que metade deste valor precisaria ser reinvestido no próprio combate às perdas, o benefício líquido ainda assim seria da ordem de R$ 27,1 bilhões em 15 anos.

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